segunda-feira, 17 de maio de 2010
segunda-feira, 3 de maio de 2010
Nas noites em que você partia...
quinta-feira, 15 de abril de 2010
O "lá ele" é uma das mais importantes expressões do idioma baianês,
mais especificamente do dialeto soteropolitano baixo-vulgar. Segundo
os léxicos, a expressão significa "outra pessoa, não eu" (LARIÚ,
Nivaldo. Dicionário de baianês. 3ª ed. rev. e ampl. Salvador: EGBA,
2007, s/n).
A origem da expressão é ambígua. Alguns etimologistas atribuem seu
surgimento às nativas do bairro da Mata Escura, enquanto outros
identificam registros mais antigos no falar dos moradores do Pau
Miúdo. O certo, porém é que o "lá ele" desempenha papel fundamental em
um dos aspectos mais importantes da cultura da primeira capital do
Brasil - a subcultura urbana do duplo sentido.
Desde a mais tenra infância, os naturais da Soterópolis são treinados
para identificar frases passíveis de dupla interpretação. Da mesma
forma, os soteropolitanos aprendem desde cedo a engendrar artimanhas
para que seu interlocutor profira expressões de duplo sentido.
Assim, as pessoas vivem sob constante tensão vocabular, cuidando para
não fazer afirmações que possam ser deturpadas pelo interlocutor. Para
indivíduos do sexo masculino, por exemplo, é vedado conjugar na
primeira pessoa inocentes verbos como "dar", "sentar", "receber",
cair", "chupar" etc. O interlocutor sempre estará atento para, ao
primeiro deslize, destruir a reputação de quem pronunciou a palavra
proibida.
Como antídoto para a incômoda prática, o "lá ele" surgiu como uma
ferramenta indispensável na comunicação do soterpolitano. Assim, o
indivíduo que falar algo sujeito a interpretações maliciosas estará a
salvo se, imediatamente, antes da reação de seu interlocutor, falar em
alto e bom som "lá ele!"
Por exemplo, qualquer homem, por mais macho que seja, terá sua
orientação posta em dúvida se falar "Neste Natal comi um ótimo peru".
Contudo, se sua frase for "Neste Natal comi um ótimo peru, lá ele!",
não haverá qualquer problema. No mesmo diapasão, confira-se:
(i) se um colega de trabalho enviar um e-mail perguntando "vai dar
para almoçar hoje?", não se pode redarguir apenas "Sim"; deve-se
reponder "Vai dar lá ele. Vamos almoçar";
(ii) se, na pendência do pagamento de polpudos honorários, um advogado
perguntar ao outro "Já recebeu?", a resposta deverá ser "Recebeu lá
ele. Já foi pago";
(iii) ou, ainda, se alguém tiver a desdita a desdita de nascer no
citado bairro do Pau Miúdo, o que poderá transformar sua vida em um
interminável festival de chacotas, deverá sempre valer-se da ressalva:
"eu sou do Pau Miúdo, lá ele".
Para melhor compreensão da matéria, reproduz-se abaixo um exemplo
real, ocorrido no último domingo durante a transmissão do épico
triunfo (vitória é coisa de chibungo, lá ele) do glorioso Esporte
Clube Bahia sobre o Atlético de Alagoinhas:
- Locutor: "Subiu o cartão amarelo?"
- Repórter: "Subiu o amarelo e o vermelho."
- Locutor: "Mas você está vendo subir tudo!"
- Repórter: "Lá ele!"
Note-se que o "lá ele" pode sofrer variações de gênero e número, de
acordo com a palavra que se pretende neutralizar. Se, antes de uma
sessão do TJBA, alguém perguntar "Você conhece os membros da turma
julgadora?", deve-se objetar com veemência: "Lá eles!". Ou se o
cidadão for à Sorveteria da Ribeira e lhe perguntarem "Quantas bolas o
senhor deseja?", é de todo recomendável que se responda "Duas, lá
elas, por favor".
A cultura duplo sentido oferece outros fenômenos da comunicação
interpessoal. Veja-se, a título de ilustração, o sufixo "ives".
Em Salvador, não se pode falar palavras terminadas em "u",
principalmente as oxítonas. Independentemente de sexo, idade ou classe
social, o indivíduo poderá ser mandado para aquele lugar (lá ele). A
pronúncia de uma palavra que dê (lá ela) rima com o nome popular do
esfíncter (lá ele) será prontamente rebatida com a amável sugestão.
Para fazer face ao problema, a vogal "u" passou a ser costumeiramente
substituída pelo sufixo "ives".
Destarte, o capitão da Seleção de 2002 é tratado como "Cafives"; o
Estádio de Pituaçu virou "Pituacives"; o bairro do Curuzu se tornou
"Curuzives"; a capital de Sergipe sói ser chamada de "Aracajives"; e
as pessoas que atendiam pela alcunha de Babu, com frequência utilizada
na Bahia para apelidar carinhosamente pessoas de feições simiescas, há
muito tempo passaram a ser chamadas de "Babives".
Um alentado estudo do "lá ele", que tem outras aplicações práticas
além daquelas ora examinadas, pode ser encontrado na obra
http://ohsuamisera.blogspot. com/2008/10/oxente- rapaz-l-ele. html
Para o "ives", recomenda-se o estudo de http://www.bbmp.com.br/?p=
399, que inclusive analisa a relação do sufixo com a expressão "lá
ele".
segunda-feira, 9 de novembro de 2009
homumidades
[b]Eu poderia começar dizendo que sou a soma do que sinto, mas [http://www.orkut.com.br/Main#Community?cmm=84730885] ? Eu poderia dizer que venceria o Big Brother e todos acreditariam, mas eu que me atrevesse a dizer que [http://www.orkut.com.br/Main#Community?cmm=3511115] ... hahaha. Posso ouvir as vozes irônicas me sacaneando " http://www.orkut.com.br/Main#Community?cmm=52504041]. "
Mas a verdade é que você é a sua história. A soma de bom e ruim de tudo aquilo que você mesmo construiu. Semeou? Tem que colher! É por isso que hoje, prematuramente, me considero uma criatura feliz, pois aprendi a dizer [http://www.orkut.com.br/Main#Community?cmm=1166640] na hora do perdão e seguir adiante sem mágoas, sem rancor, mas com uma ajuda enorme da minha [http://www.orkut.com.br/Main#Community?cmm=294892] para assuntos desagradáveis.
Fiel companheiro do livro, aprecio a [http://www.orkut.com.br/Main#Community?cmm=2551469] e é basicamente de onde tiro as minhas [http://www.orkut.com.br/Main#Community?cmm=2024529] e me pego reproduzindo as vozes: [http://www.orkut.com.br/Main#Community?cmm=52504041
[http://www.orkut.com.br/Main#Community?cmm=16734248] e isso faz sofrer as pessoas que eu mais amo. Mas quero que cada uma saiba que [http://www.orkut.com.br/Main#Community?cmm=24601401].
Devo os maiores acontecimentos de minha vida aos amigos de [http://www.orkut.com.br/Main#Community?cmm=180513], de onde a maioria foi do eterno [http://www.orkut.com.br/Main#Community?cmm=1582817]. No limite entre a adolescência e a promessa de liberdade dos 18 anos, nos divertimos horrores no [http://www.orkut.com.br/Main#Community?cmm=1044406]. Foi a época em que a galera olhava pra mim e dizia: [http://www.orkut.com.br/Main#Community?cmm=1304976]. A fase da primeira cachaça, da segunda, da terceira... Da lingua embolando e da [http://www.orkut.com.br/Main#Community?cmm=4971321] variando ao infinito com suas respectivas ressacas.
Mas os 18 vêm pra revelar sua verdadeira face e esfregar na sua cara que ao invés de liberdade, é hora da RESPONSABILIDADE.
Também concordo que ainda tinha que "escrever" muita história pra contar. E o destino irônico me jogou em [http://www.orkut.com.br/Main#Community?cmm=158639]! Logo o que! Logo aonde! E logo... Em que JAULA!
A jaula dos "bichos" mais insanos daquele zoológico... De "bicho" preocupado em gritar [http://www.orkut.com.br/Main#Community?cmm=1019155]...A temida [http://www.orkut.com.br/Main#Community?cmm=4207499], de onde trouxe comigo outra grande leva de grandes amigos.
Mas eram muitas leis pra um fora-da-lei com eu. E foi quando de repente, passeando entre meus neurônios e a [http://www.orkut.com.br/Main#Community?cmm=973348] buscando pensamentos livres, acordei no P.A.5 numa turma de [http://www.orkut.com.br/Main#Community?cmm=60993005], onde parece que, abstraindo a forma, a essência permaneceu a mesma. Permaneceu a mesma energia positiva que conduz minha vida e me mantêm [http://www.orkut.com.br/Main#Community?cmm=80188249].
E você ainda vem me perguntar [http://www.orkut.com.br/Main#Community?cmm=36243955]. Complicado! Faz o que manda a descrição[red]![/red]
terça-feira, 27 de outubro de 2009
Árvores de carne e osso
mas somos arvóres de carne e osso.
inicialmente um sementinha
e após longos anos de cuidado
uma árvore firmada.
porque não?
afinal, só "grandes" temos os pés no chão.
e apesar de termos um ponto certo de estabilidade,
nossas raízes vão se expandindo ao ponto de não dimensionarmos mais.
vamos nos adequando a cada estação,
nos renovando nos "outonos",
florescendo nas "primaveras".
apesar de não termos estações tão definidas,
é evidente a mudança anual.
temos dias de inverno e verão independente de temperatura,
vemos nossas folhas caindo sem poder evitar ...
é, dói ver nossas folhinhas sendo um passado saudoso,
mas é necessário renovar.
é necessário acreditar que o que vem na próxima estação será mais bonito,
durará mais e terá outro significado.
não dá pra passar a vida carregando folhas secas com medo do novo,
é necessário apostar num futuro mais bonito,
numa estação melhor.
quem sabe o sol não vem mais caloroso?
quem sabe a chuva não cai na hora certa?
hoje nossas necessidades fugiram do manual
e mesmo não sabendo o que realmente precisamos
passamos todo o tempo evitando crescer.
o que vamos perder se abrirmos mão do que já não tem vida?
do que já não nutre?
qual a necessidade de deixar o lugar ocupado com uma coisa que não te ajuda a crescer?
quando vamos nos tocar que tudo nessa vida é passageiro
e que não dá para nos prendermos em uma lembrança?
hoje essa folha é passado, então porque o medo de deixá-la ir?
LOPES, Gabrielle.
quarta-feira, 7 de outubro de 2009
Lula (aqui e) lá
Lula poderia ter agido, como muitos de seus pares na política agiriam, com rancor e desprezo pelo Rio de Janeiro, seus políticos, sua mídia, todos alegremente colocados como caixa de ressonância dos piores e mais mesquinhos interesses oriundos de um claro ódio de classe, embora mal disfarçados de oposição política. Lula poderia ter destilado fel e ter feito corpo mole contra o Rio de Janeiro, em reação, demasiada humana, à vaia que recebeu – estranha vaia, puxada por uma tropa de canalhas, reverberada em efeito manada – na abertura dos jogos panamericanos, em 2007, talvez o maior e mais bem definido ato de incivilidade de uma cidade perdida em décadas de decadência. Vaiou-se Lula, aplaudiu-se César Maia, o que basta como termo de entendimento sobre os rumos da política que se faz e se admira na antiga capital da República. Fosse um homem público qualquer, Lula faria o que mais desejavam seus adversários: deixaria o Rio à própria sorte, esmagado por uma classe política claudicante e tristemente medíocre, presa a um passado de cidade maravilhosa que só existe, nos dias de hoje, nas novelas da TV Globo ambientadas nas oníricas ruas do Leblon. Lula poderia ter agido burocraticamente a favor do Rio, cumprido um papel formal de chefe de Estado, falado a favor da candidatura do Rio apenas porque não lhe caberia falar mal. Deixado a cidade ao gosto de seus notórios representantes da Zona Sul, esses seres apavorados que avançam sinais vermelhos para fugir da rotina de assaltos e sobressaltos sociais para, na segurança das grades de prédios e condomínios, maldizer a existência do Bolsa Família e do MST, antros simbólicos de pretos e pobres culpados, em primeira e última análise, do estado de coisas que tanto os aflige. Lula poderia ter feito do rancor um ato político, e não seria novidade, para dar uma lição a uma cidade que o expôs e ao país a um vexame internacional pensado e executado com extrema crueldade por seus piores e mais despreparados opositores. Mas Lula não fez nada disso. No discurso anterior à escolha do Comitê Olímpico Internacional, já visivelmente emocionado, Lula fez o que se esperava de um estadista: fez do Rio o Brasil todo, o porto belo e seguro de todos os brasileiros, a alma da nacionalidade. Foi um ato de generosidade política inesquecível e uma lição de patriotismo real com o qual, finalmente, podemos nos perfilar sem a mácula do adesismo partidário ou do fervor imbecil das patriotadas. Lula, esse mesmo Lula que setores da imprensa brasileira insistem em classificar de títere do poder chavista em Honduras, outra vez passou por cima da guerrilha editorial e da inveja pura e simples de seus adversários. Falou, como em seus melhores momentos, direto aos corações, sem concessões de linguagem e estilo, franco e direto, como líder não só da nação, mas do continente, que hoje o saúda e, certamente, o aplaude de pé. Em 2016, o cidadão Luiz Inácio da Silva terá 71 anos. Que os cariocas desse futuro tão próximo consigam ser generosos o bastante para também aplaudi-lo na abertura das Olimpíadas do Rio, da qual, só posso imaginar, ele será convidado especial.
RETIRADO DO BLOG BRASÍLIA EU VI por Leandro Fortes, no Brasília Eu Vi
terça-feira, 6 de outubro de 2009
O próximo segundo
quinta-feira, 27 de agosto de 2009
Cem rótulos, sem documento, sem nome, sem registro e nem identidade.
Se paz, sem ternura; se harmonia, sem amor; se verdade, sem fraternidade.
Cem sóis sem chuva, sem calor nem frio, cem lençóis... O frescor do vento. Relento.
sem o brilho das cem estrelas, tem... O céu inteiro!
Cem dias sem tarde, em noite In100deia, mas não arde.
O breu sem outono, primavera, inferno e verão. Quem prima verá? outo no verão, eu não!
Sem estações, sem passagem. Sem trem nem passageiros. Só paisagem.
Puro eu apuro: onde Ninguém é seu dono e você não é dono de Ninguém, afinal, ninguém é você.
- Prazer, Ninguém!
- Você também?
Sem relógio para ver a hora, sem o tempo para marcar agora. sem passado fadado de outrora; sem presente, pré-sente e sem futuro: outro apuro!
Sem razão nem fundão, sem o infinito sem vida.
Semi-humanidade, tem tudo e com nada demais.
Sem ar, semear sem mear.
Cem promessas sem brindar, sem paixão, sem te(n)são para escolher todos seus des-ejos.
sem cidade, sem estado-de-espírito nem calamidade. Sem país.
Seu mundo sem-mundo, sem-terra sem planeta Terra, sem-chão imundo. Vagabundo.
Sem universo. Só un inverso reverso. osrevinu.
sem só risos e risadas, sem gritos, sem terror, sem lágrimas, sem gargalhadas.
Drama, trama, ama, contém 1g... Garçom, me traz uma Brahma!
meus pensamentos sem fidelidade tem solução. São emoções sem rumo. Uma paranóia sufocante. Uma ausência de palavras, um sentimento sem nome. Um silêncio. Um! Não mais dois!
(silêncio)
são tantas as coisas que eu vejo, tantas outras que eu viajo, mas não consigo encontrá-las em um fundo branco. Acho que o fundo branco é um enorme buraco negro. Descendente de africano mesmo!
¡MIF
sexta-feira, 17 de julho de 2009
Tudo o que eu escrevo é mentira!
terça-feira, 30 de junho de 2009
Minha relação com o espelho
Meu destino é feito a partir de tendências e não de escolhas; quem me decide é quem eu “estiver sendo” naquele momento. Se escolho, serei pra sempre escravo da dúvida e da dúvida de quem eu estaria sendo hoje se escolhesse o caminho rejeitado. Fatalmente exposto ao arrependimento.
Sou daqueles que preferem viver do que ter, por isso procuro me desapegar de tudo o que é material. O imaterial é inerente. Você se assemelha e o incorpora a cada passo.
Afasto sofridamente o sofrimento e me parece que é a única coisa que me fazer sofrer.
Acredito no final feliz e que só se alcança a felicidade aprendendo e que só se aprende vivendo. O dinheiro é apenas um dos instrumentos que nos proporcionam momentos.
Curto meus momentos sozinho de longas noites de frio e me arrisco a dizer que às vezes me sinto bem melhor assim do que mal ou bem acompanhado. Se eu for chato comigo mesmo, a culpa é minha; mas não me culpo. Chato é ser constante.
Admiro a admiração, a gratidão e o reconhecimento.
Adoro ajudar mas sou preguiçoso.
Respeito os mais velhos pela experiência e as crianças pela inocência;
apesar de inocentemente me sentir mais experiente que a minha própria mãe e negligenciar não raro os seus conselhos. E não raro também ficar boquiaberto com a experiência cada vez mais precoce das crianças “mais recentes”.
Não confundo o amor à pessoa com o amor ao sentimento ou ao momento que ela nos proporciona. Amor é o de mãe. Salvo esse, só amamos a quem nos faz bem e não dá pra não perceber o egoísmo que há nisso. Glorioso é amar aos inimigos, mas é difícil acreditar num segundo Jesus Cristo sobre a terra. Criteriosamente, conhecer o amor, só depois de morto (falo sobre a morte do corpo). Mas continuo amando no sentido em que a realidade e a palavra nos oferecem. Amo o amor humano, o amor social. Não ele em si, mas no significado por ele sugerido. Amo por que sou amado. Isso é uma progressão geométrica.
Meu futuro, não sou eu quem decido. Às vezes meus planos dão certo, mas nunca como os planejei. “Eu” é uma questão de “agora”. Quem sabe um dia eu possa até amar você?
segunda-feira, 16 de março de 2009
Pra que sentimento, já que inventaram o orkut?
Não somos mais pessoas, somos profiles.
Aqui, somos quem queremos ser. Assumimos os personagens que refletem os nossos anseios. Transmitimos a imagem que melhor se aproxima de uma perfeição possível. Nas fotos, somos extremamente felizes, lindos, descolados. Problemas? Ahh, pra que isso? Basta sorrir pra câmera que eles simplesmente desaparecem.
Nos identificamos em comunidades. Conhecemos pessoas novas, repudiamos e admiramos o outro pelo que ela escreveu (ou copiou) no “quem sou eu”.
Trocamos confidências, declarações, conversamos “baixinho”, através de depoimentos. O verbo depor assumiu um significado moderno, uma conveniência virtual.
Status de relacionamento é o termômetro da relação. É o outdoor do compromisso. Se nos “becos e vielas” da cidade virtual nos deparamos com um rosto escultural, que decepção ao devassar aquela “vida” e percebê-la “namorando”... hahaha, tem gente que casa mesmo sem casar, imagine! Adeus ao véu e grinalda. Caso haja o interesse, é logo do lado esquerdo que não desviamos a atenção. Há quem espere ansiosamente que aquelas letrinhas se transformem em solteiro(a) (leia-se: disponível no mercado). Não adianta mais sentir; pra namorar, tem que colocar no orkut. Não rola mais “ser”, tem que “estar” namorando. A primeira coisa que se faz quando o namoro termina é... tirar do orkut! Um casal quando briga, se vê na paranóia obsessiva de monitorar o orkut do parceiro pra não pagar vexame e “namorar sozinho”.
O orkut é a maneira mais simples de emoldurar nossas vidas e consequentemente de encarcerá-las. Pode ser um apêndice da realidade, um atalho ao ser-humano, mas geralmente é cela, é jaula, é limite.
Teclado e mouse são controles remoto da alma. Um dia sem internet, um dia perdido da vida. Bastam 24 horas sem olhar o orkut pra emergir a sensação de parte da vida indo embora.
Nesse universo paralelo, há a miraculosa oportunidade da reencarnação. Profiles que morrem dando, logo em seguida, vida a uma nova vida. Quantas vezes então, eu já pensei no “suicídio”?
No Orkut dá pra, inclusive, sermos dois, três, sermos vários, não sermos nós.
As pessoas acreditam em profiles. Já não vale mais a pena ser gente. Se não tá no orkut, é mentira; quem não tem orkut, não existe. Afinal, quem não tem orkut, não tem vida.
domingo, 28 de dezembro de 2008
Ano novo é tempo de...
O tempo passa em nós quando estamos em metamorfose e raras as vezes, quando estamos em inércia, o vemos passar diante dos nossos olhos. Pensar, por exemplo, é observar o tempo. Seja o que passou ou o que está passando. Parar pra pensar que o tempo não para é pensar que não paramos ao longo do tempo.
Já que parar é não ser, parar pra pensar é existir e existir é deseperador. Já passou pela sua cabeça que absolutamente tudo na vida acontece sem intervalos? Que mesmo dormindo, descansando, ou mesmo quando você “tá sem tempo”, o tempo continua passando e você continua tendo? Viver é permanecer vivendo, é prosseguir aprendendo. Isso você aprende com o tempo.
Desespere-se! Desesperar é não esperar, seja lá de onde venha o alvitre. O tempo não te espera, então não espere o tempo. O tempo nunca vai passar. Ele já está passando... e o próprio passado se reduz às lembranças. Vivê-lo é lembrar de um momento com um cheiro, passar em ruas que já não passávamos há anos, reencontrar velhos amigos...
Pois... Durante o tempo que veem passando, tanto dentro de mim (lá ele) como diante dos meus olhos, tenho ouvido com cada vez mais frequência pessoas que junto comigo se assombram diante da velocidade do mesmo. Será uma impressão coletiva infundada ou a suspeita da massa procede? À medida que o tempo vem, absorvemos parte dele pra nós. Envelhecemos.
Enquanto a fração que representa o futuro diminui a cada segundo presente vivido, o quinhão do passado aumenta inevitavelmente. Então a velocidade do tempo é uma questão de escala. Uma criança com 5 anos de idade, vê um ano como 1/5 de sua vida. Um adulto com 40, tem um ano como 1/40. Enquanto o tempo passa, o tempo do tempo se abrevia. Quanto mais velhos, vemos a vida (e consequentemente o tempo) passar mais rapidamente. Não que ele esteja acelerado, é que a fração que representa um ano, em uma vida fica cada vez menor.
Aproveitamos cada vez menos porque aproveitamos cada vez mais e se não aproveitamos, não vivemos; vimos o tempo passar.
O que fica em 2008, é esse tempo que vimos passar. Trazemos pra 2009 o que nos realmente passou. O tempo que usamos. Que soubemos aproveitar.
O que desejo pro ano que vem é que usemos mais tempo do tempo ousando, sem perder tempo sendo normal. Ser normal é perder tempo e perder tempo é viver cada vez menos. Aproveitando até um piscar. Piscar é enxergar pra dentro, abrir os olhos é enxergar pra fora. O cego não vê mas enxerga e enxergando ele vive muito mais do que quem só vê.
Complicado, né? É o tempo, é a vida... Sempre em retiscências pois não existe ponto final...
sexta-feira, 12 de dezembro de 2008
Obra-prima-mulher
de um lar, um abrigo, ou terraço...
Ela olha, ela pinta, ela brinca,
esconde, aparece e eu acho.
Ela sendo ela, pode fazer o que não faço...
Olha ela!
Ela olha com olhar de esculacho.
Sorri e encanta, e eu conto:
Ela até canta!
Conta eu contar que é encanto o teu canto cantado num conto?
Ela vem, ela vai,
ela fica e não volta mais.
Ela vem e volta,
agrada e revolta.
Ela é inconstante,
às vezes perto, às vezes distante.
E não obstante, é bonita e é feia, é o já e o ainda.
Mas ela, sendo ela, nunca deixa de ser linda.
Ela assim cheia de fases,
inspira todos os rapazes.
Pedreiro, deputado imundo,
polícia, ladrão vagabundo.
Se quer trabalhar, trabalha.
Batalha e ganha miúdo.
Pra poder sustentar com fartura,
um canalha que gasta tudo.
Duvidas que seja divina?
Pois eu não duvido não.
Recebe ainda menina,
o dom da criação.
Pois se até Virgem Maria,
trouxe ao mundo Jesus,
qual mãe se negaria
a dar ao seu filho a luz?
Se tiver um elogio,
use palavra qualquer.
O que vale é homenagear
a obra-prima-mulher!
quarta-feira, 26 de novembro de 2008
... Mas pode me chamar de global!
- Pedro? Pois não, o próprio! (eu e minha sina de P's)
- Prazer, sou "Paulo". ("produtor do programa" - Pensei eu, já contagiado)
E era! Revelou que recebeu um e-mail a algum tempo atrás (provavelmente quando eu era uma criança serelepe e incompreendida) falando sobre um fenômeno que tinha a habilidade de falar instantaneamente as palavras de trás pra frente.
Foi o suficiente pra eu sentir o Oludum no meu coração. Naquele ritmo percussivo e acelerado, fui emitindo sons através de frases tais quais as batidas dos tambores do meu grupo afro. Não era gagueira, era swingueira.
- Gra gravar? o que, que que? que dia? (êo êo paracatumdumgudum)
Já sem raciocinar, aceitei. Ele, sem imaginar o alvoroço interno que havia causado em mim, tranquilamente despediu-se e desligou. Eu fingindo (obviamente) a maior naturalidade, voltei à realidade do lar e voltado pra minha mãe, perguntei:
- Você sabe o que o SEU FILHO (fiz questão de ressaltar) vai fazer amanhã à tarde?
Ela, com aquela cara de "fale logo" disse:
- Não!
- Vou gravar o Mosaico Baiano... falando de trás pra frente.
Você fez festa? Nem ela! kkkkkkkkk
Passada a minha frustração maternal, fui "bater o baba". Pra complementar a loucura, inconscientemente treinava falar palavras ao contrário... no baba!
- Vai, véi... toca porra! (arrop acot ... iév iav)
- Goleiro joga! (agoj orielog)
Autista, me fechei no meu mundo invertido... ali, eu tava num ensaio, ja havia esquecido o baba... e começaram as reclamações:
Porra Pedrinho, caralho... presta atenção, véi! (E eu nem aí - iév, oãçneta atserp... ohlarac, ohnirdep arrop).
Resultado, me fudi no baba mas tava afiado. Que venha alessandro Timbó (apresentador do Mosaico)!
No dia seguinte tava lá meia hora atrasado, mas pontual. Como em toda recepção que se preze, esperei pra caralho pra ser atendido. Após loooongos e exaustivos minutos:
- É você que é Pedro? (¬¬)
E fui convidado a entrar na magia do outro lado da tela. Muito observador, fui reparando em cada detalhe do estúdio, imaginando e lembrando de quando os apresentadores usam termos técnicos como se nós telespectadores fossemos íntimos daquela linguagem. Takes, chamadas, camera 1, 2, luzes, microfones... Toda uma produção que me deixou fascinado. Me ver ali, dentro da tela foi oferenda narcisista. Uma onda.
... E tudo transcorria bem até que um fila-da-puta da produção me veio com um papelzinho que até então eu não sabia que seria o meu desespero. O meu era o da palavra. O de milhares de outras pessoas era essa tal doença que seria algoz dos meus neurônios. Foi um desafio. Indubitavelmente, a maior palavra que eu já falei ao contrário em minha vida:
quinta-feira, 20 de novembro de 2008
Vamos jantar amanhã?
Agradecimento: Desireé Sant'Ana (quem me apresentou ao texto)
quarta-feira, 19 de novembro de 2008
Alimento
Por mais que esperemos muito das outras pessoas; às vezes sem mesmo perceber se estamos semeando para colher, muitas vezes somos surpreendidos com demonstrações simples, pequenas, mas que adquirem o maior significado por ter sido algo feito com tanto carinho.
Fortunas não comprariam o bem-estar trazido pela boa energia da amizade.
Não pretendo chegar a mil e uma palavras, pois tenho uma imagem que vale por todas elas. Uma surpresa agradabilíssima que tive hoje pela manhã. Com aviso prévio, mas que não perdeu o caráter surpreendente que só poderia ter vindo de uma pessoa tão alto-astral quanto Nayara Pedra.
Impossibilitado de se fazer materializar a minha gratidão, exponho-a em palavras que transmitem, mas que não se assemelharão nunca à sensação do sentimento que me proporcionou!
Um beijo.
Proponho parar pra pensar na postagem presentemente publicada
Pesquisa publicada prova
Preferencialmente preto
Pobre, prostituta pra polícia prender
Pare, Pense
Porque? Prossigo
Pelas periferias praticam perversidades
PMs, pelos palanques políticos prometem
Pura palhaçada, proveito próprio
Praias, programas, piscinas
Palmas
Pra periferia... Pânico, pólvora
Pá! Pá! Pá!
Primeira página.
Preço pago:
pescoço, peito, pulmões perfurados.
Parece pouco.
Pedro Paulo. Profissão: pedreiro.
Passatempo predileto: pandeiro.
Preso portando pó passou pelos piores pesadelos.
Presídios, porões, problemas pessoais, psicológicos.
Perdeu parceiros, passado, presente, pais, parentes, principais pertences.
PC, político privilegiado preso
Parecia piada.
Pagou propina pro plantão policial
Passou pela porta principal.
Posso parecer psicopata, pivô pra perseguição.
Prevejo populares portando pistolas,
Pronunciando palavrões.
Promotores públicos pedindo prisões.
Pecado, pena, prisão perpétua.
Palavras pronunciadas pelo poeta.
Agradecimento: Lulito (quem me apresentou à letra) Ribeiro (quem me apresentou a música) Mineiro (que tava aqui do lado mas n me apresentou P. nenhuma)
segunda-feira, 17 de novembro de 2008
MINHA RELAÇÃO COM O ESPELHO
Meu destino é feito a partir de tendências e não de escolhas; quem me decide é quem eu “estiver sendo” naquele momento. Se escolho, serei pra sempre escravo da dúvida e da dúvida de quem eu estaria sendo hoje se escolhesse o caminho rejeitado. Fatalmente exposto ao arrependimento.
Sou daqueles que preferem viver do que ter, por isso procuro me desapegar de tudo o que é material. O imaterial é inerente. Você se assemelha e o incorpora a cada passo.
Afasto sofridamente o sofrimento e me parece que é a única coisa que me fazer sofrer.
Acredito no final feliz e que só se alcança a felicidade aprendendo e que só se aprende vivendo. O dinheiro é apenas um dos instrumentos que nos proporcionam momentos.
Curto meus momentos sozinho de longas noites de frio e me arrisco a dizer que às vezes me sinto bem melhor assim do que mal ou bem acompanhado. Se eu for chato comigo mesmo, a culpa é minha; mas não me culpo. Chato é ser constante.
Admiro a admiração, a gratidão e o reconhecimento.
Adoro ajudar mas sou preguiçoso.
Respeito os mais velhos pela experiência e as crianças pela inocência;
apesar de inocentemente me sentir mais experiente que a minha própria mãe e negligenciar não raro os seus conselhos. E não raro também ficar boquiaberto com a experiência cada vez mais precoce das crianças “mais recentes”.
Não confundo o amor à pessoa com o amor ao sentimento ou ao momento que ela nos proporciona. Amor é o de mãe. Salvo esse, só amamos a quem nos faz bem e não dá pra não perceber o egoísmo que há nisso. Glorioso é amar aos inimigos, mas é difícil acreditar num segundo Jesus Cristo sobre a terra. Criteriosamente, conhecer o amor, só depois de morto (falo sobre a morte do corpo). Mas continuo amando no sentido em que a realidade e a palavra nos oferecem. Amo o amor humano, o amor social. Não ele em si, mas no significado por ele sugerido. Amo por que sou amado. Isso é uma progressão geométrica.
Meu futuro, não sou eu quem decido. Às vezes meus planos dão certo, mas nunca como os planejei. “Eu” é uma questão de “agora”. Quem sabe um dia eu possa até amar você?
sexta-feira, 7 de novembro de 2008
Alguns fatos em nossas vidas, por mais incoerentes que pareçam, ocorrem com o propósito de nos levar a um determinado lugar: o destino! Não acredito nele como algo abstrato, previamente proposto que será fatalmente cumprido. Há o arbítrio de se construir (ou destruir) o próprio destino através de escolhas. Acredito que o 4P seja uma etapa do meu.
Tudo começou com a escolha (de minha amada mãe) pelo meu nome. Pedro! ali eu era só um p'zinho de nada (assim, minúsculo mesmo). Continuei a seguir o processo de escolhas, errando, acertando... era um "pp" (pimpolho prodígio) porém, sobretudo, aspirando ser um P (maiúsculo). E fui! Sem modéstia alguma, o orgulho lá de casa.
Eis que, já sendo um P, surge um outro "pp" em minha vida. Um "pivete pentelho" que teve a mirabolante idéia de supor (lá nas viajens dele) que Pedro tinha tudo a ver com Prego (é uma longa história que prometo contar pra vocês como Prego se transformou em Pregu) e inconscientemente, já estava eu, sendo "promovido" a PP.
E foi um longo período de Pedro Pregu em minha vida. Com alguns destaques, enveredando por caminhos que convergiam a um só rumo: Mais P's.
Logo me tornei PPP. Pedro Pregu do Pitágoras. (Colégio em que estudei da 5a série ao 3o ano) Onde construi grande parte do meu presente e, por consequência, do meu destino.
PPP, numa dessas veredas incoerentes que te levam a um só rumo, incoerentemente me rumaram numa letra D. Virei PPD: Pedro Pregu em Direito.
Imbuído pelo espírito natalino, consegui escapar momentaneamente do cárcere do equívoco da letra D pra, pela primeira vez, ser plenamente PPPP. Era Pedro, Pregu, Paz e Prosperidade! Uma maneira nascisista de desejar "um Feliz Natal e um Próspero Ano Novo" ou simplesmente "boas Festas". Estava sendo Pedro Pregu.
Anos depois, inconformado com o infortúnio da letra D na carreira, procurei correr atrás dos meus P's. Digo, dos meus sonhos. Outro longo período de Pedro Pregu em Processo Preparatório até enfim (e não por fim), vir a ser Pedro Pregu, Publicidade e Propaganda.
De P em P, meu alfabeto encheu o papo trazendo-me novas idéias, frutos de conexões evolutivas de pensamentos. Pensamentos estes que eu já não suportava perder. Pensamentos que vinham e iam com uma volatilidade proporcional ao quão interessantes eles eram. E eu ficava com aquela sensação perturbadora de quem tem alzheimer. De tentar lembrar e não conseguir. Aquela sensação de: "Eu ia dizer alguma coisa, mas esqueci... Era interessante!"
Mas, Afinal... o que é 4P?
4P é essencialmente o extravasamento de insights que transbordavam e desesperadamente evadiam-se, me fazendo sentir uma angustiante sensação de perda.
É uma mente confusa, um labirinto de perguntas num emaranhado de respostas que, não suportando mais suportar tudo sozinho, traz à tona o que antes se esvaía num só íntimo, tornando inevitável não (P)ensar com a letra P.