segunda-feira, 3 de maio de 2010

Nas noites em que você partia...


Nas noites em que você partia, levava consigo pensamentos meus. Eram noites em que eu não dormia; sentia frio, sentia-me fora de mim, sentia-te aqui; minha imaginação fluía e facilmente chegava até você. Não sei se assim você os sentia ou se sentia como deveria.
E foi em pensamentos destes que me deparei com uma perturbadora indagação: Como em tão pouco tempo desabrochou tal relação?
Busquei explicação no desconhecido, no que não tem começo nem fim; o sentimento infinito. Tudo o que é desconhecido é infinito. E me pareceu que quanto mais eu buscava, mais a fundo nesse abismo entrava. Era uma viagem sem volta, sabia, mas estava disposto a me entregar todo a ela... E passaram-se os dias, passaram-me os outros pensamentos, e pensar em você já combinava comigo.
Foi quando num insight, percebi que tal sentimento é infinito em perfeições, no entanto vejo o infinito como uma abstração... É como tomar uma coisa desconhecida por outra igualmente desconhecida; é tomar o atributo de uma coisa pela própria coisa.
Procurei, pois, na emoção a causa de tudo o que não foi emanado de nós e surpreendentemente a minha razão foi quem primeiro me respondeu: não há efeito sem causa. De fato, de onde viria esse sentimento se ele repousasse sobre o nada?
Mas por que então atribuir ao acaso as razões dessa aproximação? Seria um absurdo desejar-te como minha sina se inexplicavelmente não houvesse causa maior. Absurdo então conceber o acaso como razão inteligente. O acaso nada é.
A harmonia que regula as energias do universo revela combinações e objetivos determinados para cada um e por isso mesmo sentimos essa força como inexplicável. Atribuir o que sentimos ao acaso seria um contra-senso, porque o acaso é cego e não pode produzir os efeitos que um sentimento por si só produz. Um acaso inteligente deixaria de ser um acaso e como não podemos controlar o que esse sentimento nos produz, ele é, portanto, algo superior à nossa vontade.
Pensar em você tem sido pra mim inquietante, pois quanto mais busco uma resposta, mais me avizinho da certeza de que racionalmente ela não existe.
Decidi então me limitar a sentir. E tem sido o que melhor tenho feito. Me libertei da insegurança, do medo, da incerteza e de tudo o que racionalmente me afastaria de você e conseqüentemente de mim mesmo.
Agora eu sinto, eu viajo, eu fecho os olhos e vou te encontrar. Lá onde você quiser, pois com os olhos fechados somos só nós dois e o paraíso que sonhamos, podemos juntinhos construir.

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