domingo, 28 de dezembro de 2008

Ano novo é tempo de...




Dois mil e nove vem com a mesma velocidade de todas as lembranças que cada momento de 2008 me trouxe. Foi uma emoção nova para cada ousadia a que me propus viver. Viver é a atitude de mudar diante do mesmo que somos todos os dias. A velocidade dessas mudanças é o que determina a velocidade do tempo que nos passa.
O tempo passa em nós quando estamos em metamorfose e raras as vezes, quando estamos em inércia, o vemos passar diante dos nossos olhos. Pensar, por exemplo, é observar o tempo. Seja o que passou ou o que está passando. Parar pra pensar que o tempo não para é pensar que não paramos ao longo do tempo.
Já que parar é não ser, parar pra pensar é existir e existir é deseperador. Já passou pela sua cabeça que absolutamente tudo na vida acontece sem intervalos? Que mesmo dormindo, descansando, ou mesmo quando você “tá sem tempo”, o tempo continua passando e você continua tendo? Viver é permanecer vivendo, é prosseguir aprendendo. Isso você aprende com o tempo.
Desespere-se! Desesperar é não esperar, seja lá de onde venha o alvitre. O tempo não te espera, então não espere o tempo. O tempo nunca vai passar. Ele já está passando... e o próprio passado se reduz às lembranças. Vivê-lo é lembrar de um momento com um cheiro, passar em ruas que já não passávamos há anos, reencontrar velhos amigos...
Pois... Durante o tempo que veem passando, tanto dentro de mim (lá ele) como diante dos meus olhos, tenho ouvido com cada vez mais frequência pessoas que junto comigo se assombram diante da velocidade do mesmo. Será uma impressão coletiva infundada ou a suspeita da massa procede? À medida que o tempo vem, absorvemos parte dele pra nós. Envelhecemos.
Enquanto a fração que representa o futuro diminui a cada segundo presente vivido, o quinhão do passado aumenta inevitavelmente. Então a velocidade do tempo é uma questão de escala. Uma criança com 5 anos de idade, vê um ano como 1/5 de sua vida. Um adulto com 40, tem um ano como 1/40. Enquanto o tempo passa, o tempo do tempo se abrevia. Quanto mais velhos, vemos a vida (e consequentemente o tempo) passar mais rapidamente. Não que ele esteja acelerado, é que a fração que representa um ano, em uma vida fica cada vez menor.
Aproveitamos cada vez menos porque aproveitamos cada vez mais e se não aproveitamos, não vivemos; vimos o tempo passar.
O que fica em 2008, é esse tempo que vimos passar. Trazemos pra 2009 o que nos realmente passou. O tempo que usamos. Que soubemos aproveitar.
O que desejo pro ano que vem é que usemos mais tempo do tempo ousando, sem perder tempo sendo normal. Ser normal é perder tempo e perder tempo é viver cada vez menos. Aproveitando até um piscar. Piscar é enxergar pra dentro, abrir os olhos é enxergar pra fora. O cego não vê mas enxerga e enxergando ele vive muito mais do que quem só vê.
Complicado, né? É o tempo, é a vida... Sempre em retiscências pois não existe ponto final...

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Obra-prima-mulher

Ela que faz de um traço um traçado;
de um lar, um abrigo, ou terraço...
Ela olha, ela pinta, ela brinca,
esconde, aparece e eu acho.
Ela sendo ela, pode fazer o que não faço...
Olha ela!
Ela olha com olhar de esculacho.

Sorri e encanta, e eu conto:
Ela até canta!
Conta eu contar que é encanto o teu canto cantado num conto?

Ela vem, ela vai,
ela fica e não volta mais.
Ela vem e volta,
agrada e revolta.

Ela é inconstante,
às vezes perto, às vezes distante.
E não obstante, é bonita e é feia, é o já e o ainda.
Mas ela, sendo ela, nunca deixa de ser linda.

Ela assim cheia de fases,
inspira todos os rapazes.
Pedreiro, deputado imundo,
polícia, ladrão vagabundo.

Se quer trabalhar, trabalha.
Batalha e ganha miúdo.
Pra poder sustentar com fartura,
um canalha que gasta tudo.

Duvidas que seja divina?
Pois eu não duvido não.
Recebe ainda menina,
o dom da criação.

Pois se até Virgem Maria,
trouxe ao mundo Jesus,
qual mãe se negaria
a dar ao seu filho a luz?

Se tiver um elogio,
use palavra qualquer.
O que vale é homenagear
a obra-prima-mulher!