domingo, 28 de dezembro de 2008

Ano novo é tempo de...




Dois mil e nove vem com a mesma velocidade de todas as lembranças que cada momento de 2008 me trouxe. Foi uma emoção nova para cada ousadia a que me propus viver. Viver é a atitude de mudar diante do mesmo que somos todos os dias. A velocidade dessas mudanças é o que determina a velocidade do tempo que nos passa.
O tempo passa em nós quando estamos em metamorfose e raras as vezes, quando estamos em inércia, o vemos passar diante dos nossos olhos. Pensar, por exemplo, é observar o tempo. Seja o que passou ou o que está passando. Parar pra pensar que o tempo não para é pensar que não paramos ao longo do tempo.
Já que parar é não ser, parar pra pensar é existir e existir é deseperador. Já passou pela sua cabeça que absolutamente tudo na vida acontece sem intervalos? Que mesmo dormindo, descansando, ou mesmo quando você “tá sem tempo”, o tempo continua passando e você continua tendo? Viver é permanecer vivendo, é prosseguir aprendendo. Isso você aprende com o tempo.
Desespere-se! Desesperar é não esperar, seja lá de onde venha o alvitre. O tempo não te espera, então não espere o tempo. O tempo nunca vai passar. Ele já está passando... e o próprio passado se reduz às lembranças. Vivê-lo é lembrar de um momento com um cheiro, passar em ruas que já não passávamos há anos, reencontrar velhos amigos...
Pois... Durante o tempo que veem passando, tanto dentro de mim (lá ele) como diante dos meus olhos, tenho ouvido com cada vez mais frequência pessoas que junto comigo se assombram diante da velocidade do mesmo. Será uma impressão coletiva infundada ou a suspeita da massa procede? À medida que o tempo vem, absorvemos parte dele pra nós. Envelhecemos.
Enquanto a fração que representa o futuro diminui a cada segundo presente vivido, o quinhão do passado aumenta inevitavelmente. Então a velocidade do tempo é uma questão de escala. Uma criança com 5 anos de idade, vê um ano como 1/5 de sua vida. Um adulto com 40, tem um ano como 1/40. Enquanto o tempo passa, o tempo do tempo se abrevia. Quanto mais velhos, vemos a vida (e consequentemente o tempo) passar mais rapidamente. Não que ele esteja acelerado, é que a fração que representa um ano, em uma vida fica cada vez menor.
Aproveitamos cada vez menos porque aproveitamos cada vez mais e se não aproveitamos, não vivemos; vimos o tempo passar.
O que fica em 2008, é esse tempo que vimos passar. Trazemos pra 2009 o que nos realmente passou. O tempo que usamos. Que soubemos aproveitar.
O que desejo pro ano que vem é que usemos mais tempo do tempo ousando, sem perder tempo sendo normal. Ser normal é perder tempo e perder tempo é viver cada vez menos. Aproveitando até um piscar. Piscar é enxergar pra dentro, abrir os olhos é enxergar pra fora. O cego não vê mas enxerga e enxergando ele vive muito mais do que quem só vê.
Complicado, né? É o tempo, é a vida... Sempre em retiscências pois não existe ponto final...

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Obra-prima-mulher

Ela que faz de um traço um traçado;
de um lar, um abrigo, ou terraço...
Ela olha, ela pinta, ela brinca,
esconde, aparece e eu acho.
Ela sendo ela, pode fazer o que não faço...
Olha ela!
Ela olha com olhar de esculacho.

Sorri e encanta, e eu conto:
Ela até canta!
Conta eu contar que é encanto o teu canto cantado num conto?

Ela vem, ela vai,
ela fica e não volta mais.
Ela vem e volta,
agrada e revolta.

Ela é inconstante,
às vezes perto, às vezes distante.
E não obstante, é bonita e é feia, é o já e o ainda.
Mas ela, sendo ela, nunca deixa de ser linda.

Ela assim cheia de fases,
inspira todos os rapazes.
Pedreiro, deputado imundo,
polícia, ladrão vagabundo.

Se quer trabalhar, trabalha.
Batalha e ganha miúdo.
Pra poder sustentar com fartura,
um canalha que gasta tudo.

Duvidas que seja divina?
Pois eu não duvido não.
Recebe ainda menina,
o dom da criação.

Pois se até Virgem Maria,
trouxe ao mundo Jesus,
qual mãe se negaria
a dar ao seu filho a luz?

Se tiver um elogio,
use palavra qualquer.
O que vale é homenagear
a obra-prima-mulher!

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

... Mas pode me chamar de global!

Ontem à noite, após a etapa relaxante da rotina de "chegar em casa", fui surpreendido com uma ligação digamos que interessante. Com aquela formalidade característica de atendentes de telemarketing, o solicitante apresentou-se. Não era uma voz conhecida, mas perguntava por mim. (Procurar por mim àquela hora da noite, já que não era Sandy - pois a voz era de homem; ou era tragédia ou cobrança (não que uma elimine a outra). Já aliviado, passada a ansiedade de uma ligação inesperada e misteriosa, desfez-se o seguinte diálogo:

- Pedro? Pois não, o próprio! (eu e minha sina de P's)
- Prazer, sou "Paulo". ("produtor do programa" - Pensei eu, já contagiado)

E era! Revelou que recebeu um e-mail a algum tempo atrás (provavelmente quando eu era uma criança serelepe e incompreendida) falando sobre um fenômeno que tinha a habilidade de falar instantaneamente as palavras de trás pra frente.
Foi o suficiente pra eu sentir o Oludum no meu coração. Naquele ritmo percussivo e acelerado, fui emitindo sons através de frases tais quais as batidas dos tambores do meu grupo afro. Não era gagueira, era swingueira.

- Gra gravar? o que, que que? que dia? (êo êo paracatumdumgudum)

Já sem raciocinar, aceitei. Ele, sem imaginar o alvoroço interno que havia causado em mim, tranquilamente despediu-se e desligou. Eu fingindo (obviamente) a maior naturalidade, voltei à realidade do lar e voltado pra minha mãe, perguntei:

- Você sabe o que o SEU FILHO (fiz questão de ressaltar) vai fazer amanhã à tarde?

Ela, com aquela cara de "fale logo" disse:

- Não!
- Vou gravar o Mosaico Baiano... falando de trás pra frente.

Você fez festa? Nem ela! kkkkkkkkk
Passada a minha frustração maternal, fui "bater o baba". Pra complementar a loucura, inconscientemente treinava falar palavras ao contrário... no baba!

- Vai, véi... toca porra! (arrop acot ... iév iav)
- Goleiro joga! (agoj orielog)

Autista, me fechei no meu mundo invertido... ali, eu tava num ensaio, ja havia esquecido o baba... e começaram as reclamações:

Porra Pedrinho, caralho... presta atenção, véi! (E eu nem aí - iév, oãçneta atserp... ohlarac, ohnirdep arrop).

Resultado, me fudi no baba mas tava afiado. Que venha alessandro Timbó (apresentador do Mosaico)!
No dia seguinte tava lá meia hora atrasado, mas pontual. Como em toda recepção que se preze, esperei pra caralho pra ser atendido. Após loooongos e exaustivos minutos:

- É você que é Pedro? (¬¬)

E fui convidado a entrar na magia do outro lado da tela. Muito observador, fui reparando em cada detalhe do estúdio, imaginando e lembrando de quando os apresentadores usam termos técnicos como se nós telespectadores fossemos íntimos daquela linguagem. Takes, chamadas, camera 1, 2, luzes, microfones... Toda uma produção que me deixou fascinado. Me ver ali, dentro da tela foi oferenda narcisista. Uma onda.
... E tudo transcorria bem até que um fila-da-puta da produção me veio com um papelzinho que até então eu não sabia que seria o meu desespero. O meu era o da palavra. O de milhares de outras pessoas era essa tal doença que seria algoz dos meus neurônios. Foi um desafio. Indubitavelmente, a maior palavra que eu já falei ao contrário em minha vida:
Hipopotomonstrossesquipedaliofobia = 34 letras
A minha sorte foi que até pra ele ler pra mim foi complicado. Deu tempo de decorar! E ele lançou no ar! Fale aí!
aibofoiladepiuqsessortsnomotopopih
Dei uma fisgadinha mas foi só alegria.
E no final, depois de gravado o programa, o comercial e depois ter cumprimentado a todos, quando eu achava que ja tava tudo acabado e eu, sido liberado, o mesmo FDP da produção veio em minha direção com aquele ar triunfante, estendeu o braço e me deu um bilhete escrito:

!úc on ramot áv
Foi o elogio mais criativo que já recebi!
(Pra quem quiser conferir o mico em rede estadual, o programa vai ao ar sábado, 06 de dezembro de 2008 às 13:45 na Rede Bahia e na TV Salvador, neste mesmo dia, às 19:15.)
*Obrigado à alma boa que adicionou duas ou três frases e não apagou o texto - uahuahuahuha)

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Vamos jantar amanhã?

Quando um homem chama uma mulher para sair, não sabe o grau de estresse que isso desencadeia em nossas vidas. Durante muito tempo, fiquei achando que eu era uma estressada maluca que não sabia lidar com isso, mas conversando com diversas pessoas, cheguei à conclusão de que esse estresse é um denominador comum a quase todas as mulheres, ainda que em graus diferentes (ou será que sou eu que só ando com gente estressada?). O que venho contar aqui hoje é mais dedicado aos homens do que às mulheres. Acho importante que eles saibam o que se passa nos bastidores. Você, mulher, está flertando um Zé Ruela qualquer. Com sorte, ele acaba te chamando para sair. Vamos supor, um jantar. Pronto, acabou seu último minuto de paz. Ele diz, como se fosse a coisa mais simples do mundo 'Vamos jantar amanhã?'. Você sorri e responde, como se fosse a coisa mais simples do mundo: 'Claro, vamos sim'. Começou o inferno na Terra. Foi dada a largada. Você começa a se reprogramar mentalmente e pensar em tudo que tem que fazer para estar apresentável até lá. Cancela todos os seus compromissos canceláveis e começa a odisséia. Evidentemente, você também pára de comer, afinal, quer estar em forma no dia do jantar e mulher sempre se acha gorda. Daqui pra frente, você começa a fazer a dieta do queijo: fica sem comer nada o dia inteiro e quando sente que vai desmaiar come uma fatia de queijo. Muito saudável. Primeira coisa: fazer mãos e pés. Quem se importa se é inverno e você provavelmente vai usar uma bota de cano alto? Mãos e pés tem que estar feitos – e lá se vai uma hora do seu dia. Vocês (homens) devem estar se perguntando 'Mão tudo bem, mas porque pé, se ela vai de botas?' Lei de Murphy. Sempre dá merda. Uma vez pensei assim e o infeliz me levou para um restaurante japonês daqueles em que tem que tirar o sapato para sentar naqueles tatames. Tomei no cu bonito! Tive que tirar o sapato com aquela sola do pé cracuda, esmalte semi-descascado e cutícula do tamanho de um champignon! Vai que ele te coloca em alguma outra situação impossível de prever que te obriga a tirar o sapato? Para nossa paz de espírito, melhor fazer mão e pé, até porque boa parte dessa raça tem uma tara bizarra por pé feminino. OBS: Isso me emputece. Passo horas na academia malhando minha bunda e o desgraçado vai reparar justamente onde? Na porra do pé! Isso é coisa de... Melhor mudar de assunto... As mais caprichosas, além de fazer mão e pé, ainda fazem algum tratamento capilar no salão: hidratação, escova, corte, tintura, retoque de raiz, etc. Eu não faço, mas conheço quem faça. E nessa se vai mais uma hora do seu dia. Dependendo do grau de importância que se dá ao Zé Ruela em questão, pode ser que a mulher queira comprar uma roupa especial para sair com ele. Mais horas do seu dia. Ou ainda uma lingerie especial, dependendo da ocasião. Pronto, mais horas do dia. Se você trabalha, provavelmente vai ter que fazer as unhas na hora do almoço e correr para comprar roupa no final do dia em um shopping. Ah sim, já ia esquecendo. Tem a depilação. Essa os homens não podem nem contestar. Quem quer sair com uma mulher não depilada, mesmo que seja apenas para um inocente jantar? Lá vai você depilar perna, axila, buço, virilha, sobrancelha, etc, etc. Tem mulher que depila até o cu! Mulher sofre! E lá se vai mais uma hora do seu dia. E uma hora bem dolorida, diga-se de passagem. Parabéns, você conseguiu montar o alicerce básico para sair com alguém. Pode ir para a cama e tentar dormir, se conseguir. Eu não consigo, fico nervosa. Se prepare, o dia seguinte vai ser tumultuado. Ah, sim, você vai dormir COM FOME. A dieta do queijo continua. Dia seguinte. É hoje seu grande dia. Quando vou sair com alguém, faço questão da dar uma passada na academia no dia, para malhar desumanamente até quase cuspir o pulmão. Não, não é para emagrecer, é para deixar minha bunda e minhas pernas enormes e durinhas (elas ficam inchadas depois de malhar). Mas supondo que você seja uma pessoa normal, vai usar esse tempo para algo mais proveitoso. Geralmente, o Zé Ruela não comunica onde vai levar a gente. Surge aquele dilema da roupa. Com certeza você vai errar, resta escolher se quer errar para mais ou para menos. Se te serve de consolo, ele não vai perceber. Alias, ele não vai perceber nada. Você pode aparecer de Armani ou enrolada em um saco de batatas, tanto faz. Eles não reparam em detalhe nenhum, mas sabem dizer quando estamos bonitas (só não sabem o porquê). Mas, é como dizia Angie Dickinson: 'Eu me visto para as mulheres e me dispo para os homens'. Não tem como, a gente se arruma, mesmo que eles não reparem. E não adianta pedir indicação de roupa para eles, os malditos não dão sequer uma pista! Claro, para eles é muito simples, as 'Madames' só precisam tomar uma chuveirada, vestir uma Camisa Pólo e uma calça e estão prontos, seja para o show de rock, seja para um fondue. Nesse pequeno cérebro do tamanho de um caroço de uva só existem três graduações de roupa: Bermuda + Chinelo, Jeans + Pólo, Calça Social + Camisa Social. Quando você pergunta se tem que ir arrumada é quase certo que 'Madame' abra a boca e diga 'sei lá, normal, roupa normal'. Eles não sabem que isso não ajuda em nada. Escolhida a roupa, com a resignação de que você vai errar, para mais ou para menos, vem a etapa do banho. Para mim é uma coisa simples: shampoo + sabonete. Mas para muitas não é. Óleos, sabonetes aromáticos, esfoliação (horrível que seja com 's', né? deveria ser com 'x'), etc. E o cabelo? Bom, por sorte meu cabelo é bonzinho, não faz a menor diferença se eu lavar com um shampoo caro ou se lavar com Omo, fica a mesma coisa. Mas tem gente que tem que fazer uma lavagem especial, com cremes e etc. E depois ainda vem a chapinha, prancha e/ou secador. Depois do banho e do cabelo, vem a maquiagem. Nessa etapa eu perco muito tempo. Lá vai a babaca separar cílio por cílio com palito de dente depois de passar rímel. Melhor nem contar tudo que eu faço em matéria de maquiagem, se não vocês vão me achar maluca, digo, mais maluca. Como dizia Napoleão Bonaparte, 'Mulheres tem duas grandes armas: lágrimas e maquiagem'. Considerando que não faço uso das primeiras, me permito abusar da segunda. Se você for uma pessoa normal, não perde nem vinte minutos passando maquiagem. Depois vem a hora de se vestir. Homens não entendem, mas tem dias que a gente acorda gorda. É sério, no dia anterior o corpo estava lindo e no dia seguinte... PORCA! Não sei o que é (provavelmente nossa imaginação), mas eu juro que acontece. Muitas vezes você compra uma roupa para um evento, na loja fica linda e na hora de sair fica um cu. Se for um desses dias em que seu corpo está um cu e o espelho está de sacanagem com a sua cara, é provável que você acabe com um pilha de roupas recusadas em cima da cama, chorando, com um armário cheio de roupa e gritando 'EU NÃO TENHO ROOOOOUUUUUPAAAA'. O chato é ter que refazer a maquiagem. E quando você inventa de colocar aquela calça apertada e tem que deitar na cama e pedir para outro ser humano enfiar ela em você? Uma gracinha, já vai para o jantar lacrada a vácuo. Se espirrar a calça perfura o pâncreas. Ok, você achou uma roupa que ficou boa. Vem o dilema da ligerie. Salvo raras exceções, roupa feminina (incluindo lingerie) ou é bonita, ou é confortável. Você olha para aquela sua calcinha de algodão do tamanho de uma lona de circo. Ela é confortável. E cor de pele. Praticamente um método anticoncepcional. Você pensa 'Eu não vou dar para ele hoje mesmo, que se foda'. Você veste a calcinha. Aí bate a culpa. Eu sinto culpa se ando com roupa confortável, meu inconsciente já associou estar bem vestida a sofrimento. Aí você começa a pensar 'E se mesmo sem dar para ele, ele pode acabar vendo a minha calcinha... Vai que no restaurante tem uma escada e eu tenho que subir na frente dele... se ele olhar para essa calcinha, broxará para todo o sempre comigo...'. Muito puta da vida, você tira a sua calcinha amiga e coloca uma daquelas porras mínimas e rendadas, que com certeza vão ficar entrando na sua bunda a noite toda. Melhor prevenir. Nessas horas a gente emburrece e acha que qualquer deslize que fizer vai espantar o sujeito de forma irreversível. Os sapatos. Vale o mesmo que eu disse sobre roupas: ou é bonito, ou é confortável. Geralmente, quando tenho um encontro importante, opto por UMA PEÇA de roupa bem bonita e desconfortável, e o resto menos bonito mas confortável. FATO: Lei de Murphy impera. Com certeza me vai ser exigido esforço da parte comprometida pelo desconforto. Ex: Vou com roupa confortável e sapato assassino. Certeza que no meio da noite o animal vai soltar um 'Sei que você adora dançar, vamos sair para dançar?' Eu tento fazer parecer que as lágrimas são de emoção. Uma vez um sapato me machucou tanto, mas tanto, que fiz um bilhete para mim mesma e colei no sapato, para lembrar de nunca mais usar!. Porque eu não dei o sapato? Porra... me custou muito caro! Posso não usá-lo, mas quero tê-lo. Eu sei, eu sei, materialista do caralho. Vou voltar como besouro de esterco na próxima encarnação e comer muito cocô para ver se evoluo espiritualmente! Mas por hora, o sapato fica. Enfim, eu sei que existem problemas mais sérios na vida, e o texto é em tom de brincadeira. Só quero que os homens saibam que é um momento tenso para nós e que ralamos bastante para que tudo dê certo. O ar de tranquilidade que passamos é pura cena. Sejam delicados e compareçam aos encontros que marcarem, ok? E se possível, marquem com antecedência, para a gente ter tempo de fazer nosso ritual preparatório com calma... Apesar do texto enorme, quero deixar claro que o que eu coloquei aqui é o mínimo do mínimo. Existem milhões de outras providências que mulheres tomam antes de encontros importantes: clarear pêlos (vulgo 'banho de lua'), fazer drenagem linfática, baby liss... enfim, uma infinidade de nomes que homem não tem a menor idéia do que se trata. Depois que você está toda montadinha, lutando mentalmente com seus dilemas do tipo 'será que dou para ele? É o terceiro encontro, talvez eu deva dar...' começa a bater a ansiedade. Cada uma lida de um jeito. Eu, como boa loser que sou, lido do pior jeito possível. Tenho um faniquito e começo a dizer que não quero ir. Não para ele, ligo para a infeliz da minha melhor amiga e digo que não quero mais ir, que sair para conhecer pessoas é muito estressante, que se um dia eu tiver um AVC é culpa dessa tensão toda que eu passei na vida toda em todos os primeiros encontros e que quero voltar tartaruga na próxima encarnação. Ela, coitada, escuta pacientemente e tenta me acalmar. Agora imaginem vocês, se depois de tudo isso, o filho da puta liga e cancela o encontro? 'Surgiu um imprevisto, podemos deixar para semana que vem?'. Gente, não é má vontade ou intransigência, mas eu acho inadmissível uma coisa dessas, a menos que seja algo muuuuiiiiiiito grave! Eu fico puta, puta, PUTA da vida! Claro, na cabecinha deles não custa nada mesmo, eles acham que é simples, que a gente levantou da cama e foi direto pro carro deles. Se eles soubessem o trabalho que dá, o estresse, o tempo perdido... nunca ousariam remarcar nada. Se fode aí! Vem me buscar de maca e no soro, mas não desmarque comigo! Até porque, a essa altura, a dieta radical do queijo está quase te fazendo desmaiar de fome, é questão de vida ou morte a porra do jantar! NÃO CANCELEM ENCONTROS A MENOS QUE TENHA ACONTECIDO ALGO MUITO, MUITO, MUITO GRAVE! A GENTE SE MOBILIZA DEMAIS POR CAUSA DELES! Supondo que ele venha. Ele liga e diz que está chegando. Você passa perfume, escova os dentes e vai. Quando entra no carro já toma um eufemismo na lata 'HUMMM... tá cheirosa!' (tecla sap: 'Passou muito perfume, porra'). Ele nem sequer olha para a sua roupa. Ele não repara em nada, ele acha que você é assim ao natural. Eu não ligo, acho homem que repara muito meio viado, mas isso frustra algumas mulheres. E se ele for tirar a sua roupa, grandes chances dele tirar a calça junto com a calcinha e nem ver. Pois é, Minha Amiga, você passou a noite toda com a rendinha (que por sinal custou muito caro) atochada no rego para nada. Homens, vocês sabiam que uma boa calcinha, de marca, pode custar o mesmo que um MP4? Favor tirar sem rasgar. Quando é comigo, passo tanto estresse que chego no jantar com um pouco de raiva do cidadão. No meio da noite, já não sinto mais meus dedos do pé, devido ao princípio de gangrena em função do sapato de bico fino. Quando ele conta piadas e ri, eu penso: 'É, eu também estaria de bom humor, contando piada, se não fosse essa calcinha intra-uterina raspando no colo do meu útero'. A culpa não é deles, é minha, por ser surtada com a estética. Sinto o estômago fagocitando meu fígado, mas apenas belisco a comida de leve. Fico constrangida de mostrar toda a minha potência estomacal assim, de primeira. Para finalizar, quero ressaltar que eu falei aqui do desgaste emocional e da disponibilidade de tempo que um encontro nos provoca. Nem sequer entrei no mérito do DINHEIRO. Pois é, tudo isso custa caro. Vou fazer uma estimativa POR BAIXO, muito por baixo mesmo, porque geralmente pagamos bem mais do que isso e fazemos mais tratamentos estéticos: Roupa.................................................................R$200,00 Ligerie.................................................................R$100,00 Maquiagem.........................................................R$50,00 Sapato................................................................R$200,00 Depilação...........................................................R$50,00 Mão,pé e escova................................................R$50,00 Perfume..............................................................R$250,00 Pílula anticoncepcional.......................................R$50,00 Ou seja, JOGANDO O VALOR BEM PARA BAIXO, gastamos, no barato, R$1.000,00para sair com um Zé Ruela. Entendem porque eu bato o pé e digo que homem TEM QUE PAGAR O MOTEL....e a porra do JANTAR também!!!!! A gente gasta muito mais para sair com eles do que eles com a gente!


Agradecimento: Desireé Sant'Ana (quem me apresentou ao texto)

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Alimento


Por mais que esperemos muito das outras pessoas; às vezes sem mesmo perceber se estamos semeando para colher, muitas vezes somos surpreendidos com demonstrações simples, pequenas, mas que adquirem o maior significado por ter sido algo feito com tanto carinho.
Fortunas não comprariam o bem-estar trazido pela boa energia da amizade.
Não pretendo chegar a mil e uma palavras, pois tenho uma imagem que vale por todas elas. Uma surpresa agradabilíssima que tive hoje pela manhã. Com aviso prévio, mas que não perdeu o caráter surpreendente que só poderia ter vindo de uma pessoa tão alto-astral quanto Nayara Pedra.
Impossibilitado de se fazer materializar a minha gratidão, exponho-a em palavras que transmitem, mas que não se assemelharão nunca à sensação do sentimento que me proporcionou!
Um beijo.

Proponho parar pra pensar na postagem presentemente publicada

Brasil com P - Racionais


Pesquisa publicada prova
Preferencialmente preto
Pobre, prostituta pra polícia prender
Pare, Pense
Porque? Prossigo
Pelas periferias praticam perversidades
PMs, pelos palanques políticos prometem
Pura palhaçada, proveito próprio
Praias, programas, piscinas
Palmas
Pra periferia... Pânico, pólvora
Pá! Pá! Pá!
Primeira página.
Preço pago:
pescoço, peito, pulmões perfurados.
Parece pouco.
Pedro Paulo. Profissão: pedreiro.
Passatempo predileto: pandeiro.
Preso portando pó passou pelos piores pesadelos.
Presídios, porões, problemas pessoais, psicológicos.
Perdeu parceiros, passado, presente, pais, parentes, principais pertences.
PC, político privilegiado preso
Parecia piada.
Pagou propina pro plantão policial
Passou pela porta principal.
Posso parecer psicopata, pivô pra perseguição.
Prevejo populares portando pistolas,
Pronunciando palavrões.
Promotores públicos pedindo prisões.
Pecado, pena, prisão perpétua.
Palavras pronunciadas pelo poeta.


Agradecimento: Lulito (quem me apresentou à letra) Ribeiro (quem me apresentou a música) Mineiro (que tava aqui do lado mas n me apresentou P. nenhuma)

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

MINHA RELAÇÃO COM O ESPELHO

Minhas inúmeras lembranças fazem com que eu me sinta o cara mais velho do mundo mas temo que no futuro, eu tenha a mesma cabeça velha dos adultos do presente. É uma sensação de estar eternamente condicionado a quem irei me tornar.
Meu destino é feito a partir de tendências e não de escolhas; quem me decide é quem eu “estiver sendo” naquele momento. Se escolho, serei pra sempre escravo da dúvida e da dúvida de quem eu estaria sendo hoje se escolhesse o caminho rejeitado. Fatalmente exposto ao arrependimento.
Sou daqueles que preferem viver do que ter, por isso procuro me desapegar de tudo o que é material. O imaterial é inerente. Você se assemelha e o incorpora a cada passo.
Afasto sofridamente o sofrimento e me parece que é a única coisa que me fazer sofrer.
Acredito no final feliz e que só se alcança a felicidade aprendendo e que só se aprende vivendo. O dinheiro é apenas um dos instrumentos que nos proporcionam momentos.
Curto meus momentos sozinho de longas noites de frio e me arrisco a dizer que às vezes me sinto bem melhor assim do que mal ou bem acompanhado. Se eu for chato comigo mesmo, a culpa é minha; mas não me culpo. Chato é ser constante.
Admiro a admiração, a gratidão e o reconhecimento.
Adoro ajudar mas sou preguiçoso.
Respeito os mais velhos pela experiência e as crianças pela inocência;
apesar de inocentemente me sentir mais experiente que a minha própria mãe e negligenciar não raro os seus conselhos. E não raro também ficar boquiaberto com a experiência cada vez mais precoce das crianças “mais recentes”.
Não confundo o amor à pessoa com o amor ao sentimento ou ao momento que ela nos proporciona. Amor é o de mãe. Salvo esse, só amamos a quem nos faz bem e não dá pra não perceber o egoísmo que há nisso. Glorioso é amar aos inimigos, mas é difícil acreditar num segundo Jesus Cristo sobre a terra. Criteriosamente, conhecer o amor, só depois de morto (falo sobre a morte do corpo). Mas continuo amando no sentido em que a realidade e a palavra nos oferecem. Amo o amor humano, o amor social. Não ele em si, mas no significado por ele sugerido. Amo por que sou amado. Isso é uma progressão geométrica.
Meu futuro, não sou eu quem decido. Às vezes meus planos dão certo, mas nunca como os planejei. “Eu” é uma questão de “agora”. Quem sabe um dia eu possa até amar você?

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Como toda idéia é fruto de uma conexão evolutiva de pensamentos, fui linkando pensamentos (aparentemente) sem sentido que me levaram a "pensamentos remasterizados" que se aproximavam de um certo sentido qualquer. Era o esperma do 4P!

Alguns fatos em nossas vidas, por mais incoerentes que pareçam, ocorrem com o propósito de nos levar a um determinado lugar: o destino! Não acredito nele como algo abstrato, previamente proposto que será fatalmente cumprido. Há o arbítrio de se construir (ou destruir) o próprio destino através de escolhas. Acredito que o 4P seja uma etapa do meu.

Tudo começou com a escolha (de minha amada mãe) pelo meu nome. Pedro! ali eu era só um p'zinho de nada (assim, minúsculo mesmo). Continuei a seguir o processo de escolhas, errando, acertando... era um "pp" (pimpolho prodígio) porém, sobretudo, aspirando ser um P (maiúsculo). E fui! Sem modéstia alguma, o orgulho lá de casa.

Eis que, já sendo um P, surge um outro "pp" em minha vida. Um "pivete pentelho" que teve a mirabolante idéia de supor (lá nas viajens dele) que Pedro tinha tudo a ver com Prego (é uma longa história que prometo contar pra vocês como Prego se transformou em Pregu) e inconscientemente, já estava eu, sendo "promovido" a PP.

E foi um longo período de Pedro Pregu em minha vida. Com alguns destaques, enveredando por caminhos que convergiam a um só rumo: Mais P's.

Logo me tornei PPP. Pedro Pregu do Pitágoras. (Colégio em que estudei da 5a série ao 3o ano) Onde construi grande parte do meu presente e, por consequência, do meu destino.

PPP, numa dessas veredas incoerentes que te levam a um só rumo, incoerentemente me rumaram numa letra D. Virei PPD: Pedro Pregu em Direito.

Imbuído pelo espírito natalino, consegui escapar momentaneamente do cárcere do equívoco da letra D pra, pela primeira vez, ser plenamente PPPP. Era Pedro, Pregu, Paz e Prosperidade! Uma maneira nascisista de desejar "um Feliz Natal e um Próspero Ano Novo" ou simplesmente "boas Festas". Estava sendo Pedro Pregu.

Anos depois, inconformado com o infortúnio da letra D na carreira, procurei correr atrás dos meus P's. Digo, dos meus sonhos. Outro longo período de Pedro Pregu em Processo Preparatório até enfim (e não por fim), vir a ser Pedro Pregu, Publicidade e Propaganda.
De P em P, meu alfabeto encheu o papo trazendo-me novas idéias, frutos de conexões evolutivas de pensamentos. Pensamentos estes que eu já não suportava perder. Pensamentos que vinham e iam com uma volatilidade proporcional ao quão interessantes eles eram. E eu ficava com aquela sensação perturbadora de quem tem alzheimer. De tentar lembrar e não conseguir. Aquela sensação de: "Eu ia dizer alguma coisa, mas esqueci... Era interessante!"


Mas, Afinal... o que é 4P?


4P é essencialmente o extravasamento de insights que transbordavam e desesperadamente evadiam-se, me fazendo sentir uma angustiante sensação de perda.
É uma mente confusa, um labirinto de perguntas num emaranhado de respostas que, não suportando mais suportar tudo sozinho, traz à tona o que antes se esvaía num só íntimo, tornando inevitável não (P)ensar com a letra P.